21 Lições para o século 21

21 Lições para o Século 21, de Yuval Noah Harari, explora desafios contemporâneos, como inteligência artificial, mudanças climáticas, desigualdades, liberdade e tecnologia. O autor reflete sobre incertezas do futuro, propondo questionamentos sobre ética, educação e o papel humano em um mundo acelerado, destacando a importância de adaptabilidade e pensamento crítico.

Yuval Noah Harari

Sumário

Introdução

Num mundo inundado de informações irrelevantes, clareza é poder.

Meu primeiro livro, Sapiens, investigou o passado humano, examinando como um macaco insignificante dominou a Terra.

Homo Deus, meu segundo livro, explorou o futuro da vida a lngo prazo, contemplando como os humanos finalmente se tornarão deuses, e qual pode ser o destino final da inteligência e da consciência.

Neste livro quero analisar mais de perto o aqui e o agora. Meu foco está nas questões atuais e no futuro imediato das sociedades humanas. O que está acontecendo neste momento? Quais são os maiores desafios e escolhas de hoje? Qual deve ser o foco de nossa atenção? O que devemos ensinar a nossos filhos?

Diferentemente de Sapiens e de Homo Deus, ele não tem a intenção de ser uma narrativa histórica, e sim uma coletânea de lições, as quais não têm por conclusão respostas simples. Elas visam a estimular a reflexão, e a ajudar os leitores a tomar parte em algumas das principais conversas de nosso tempo.

O livro, na verdade, foi escrito em diálogo com o público. Muitos dos capítulos surgiram como resposta a perguntas de leitores, jornalistas e colegas. Versões anteriores de alguns segmentos foram publicadas em diferentes formatos, o que me deu oportunidade de receber feedbacks e refinar meus argumentos. Algumas seções têm por foco tecnologia, algumas política, outras religião ou arte. A questão mais abrangente em todos é a mesma: o que está acontecendo no mundo hoje, e qual é o significado profundo dos eventos?

Um mundo global exercer uma pressão sem precedentes sobre a conduta e a moralidade pessoais. Cada um de nós está enredado em numerosas e vastas teias de aranha, que restringem nosso movimentos, mas ao memo tempo transmitem nossos mais minúsculos movimentos a destinações longínquas.

1. O livro começa examinando o atual impasse político e tecnológico.
Algoritmos Big Data poderiam criar ditaduras digitais nas quais todo o poder se concentra nas mãos de uma minúscula elite enquanto a maior parte das pessoas sofre não em virtude de exploração, mas de algo muito pior: irrelevância.

2. Depois de delinear os desafios que enfrentamos, nas segunda parte do livro examinaremos uma ampla gama de respostas possíveis.

3. Na terceira parte do livro vemos que, embora os desafios tecnológicos sejam sem precendentes e as discordâncias políticas sejam intesas, o gênero humano poderá enfrentar a situação à altura se mantivermos nossos temores sob controle e formos um pouco mais humildes quanto a nossas opiniões.

4. A quarta parte enfrenta a questão da pós-verdade, e pergunta em que medida ainda somos capazes de compreender desenvolvimentos globais e distinguir os malfeitos da Justiça.

5. Na quinta e última parte, eu junto todas essas diferentes tramas e lanço um olhar mais geral à vida na era da perplexidade, quando as antigas narrativas históricas demoronam, e nenhuma outra surgiu até agora para substituí-las.

Talvez o mais importante seja o fato de que a inteligência artificial e a biotecnologia estão dando à humanidade o poder de reformulação e reengenharia da vida. Muito em breve alguém terá de decidir como usar esse poder — com base numa narrativa implícita ou explícita sobre o sentido da vida. Filósofos são muito pacientes, mas engenheiros são muito menos, e investidores são os menos pacientes de todos.

Eu gostaria de destacar um aspecto decisivo. Grande parte do livro discute as imperfeições da visão de mundo liberal e do sistema democrático. Faço isso não por acreditar que a democracia liberalé excepcionalmente problemática, e sim porque penso que é o modelo político mais bem-sucedido e versátil que os humanos desenvolveram até agora para lidar com os desafios do mundo moderno. Mesmo que não seja adequado a toda sociedade em todo estágio de desenvolvimento, ele provou seu valor em mais sociedades e em mais situações do que qualquer uma de suas alternativas. Portanto, ao examinar os novos desafios que temos diante de nós, é necessário compreender as limitações da democracia liberal, e explorar como podemos adaptar e melhorar suas instituições atuais.

Infelizmente, no atual clima político, todo pensamento crítico sobre liberalismo e democracia pode ser sequestrado por autocratas e vários movimentos não democráticos, cujo único interesse é desacreditar a democracia liberal, em vez de se envolver numa discussão aberta sobre o futuro da humanidade.

Se não criticarmos o modelo liberal não seremos capazes de corrigir suas falhas ou ir além dele.

O desafio tecnológico

O gênero humano está perdendo a fé na narrativa liberal que dominou a política global em décadas recentes, justamente quando a fusão da biotecnologia com a tecnologia da informação nos coloca diante das maiores mudanças com que o gênero humano já se deparou.

plugins premium WordPress